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Campus Petrolina recebe projeto Itinerância Literária com poesia, performance e reflexões sobre o feminino no sertão


Nos dias 31 de julho e 1º de agosto, o Campus Petrolina do IFSertãoPE recebeu o projeto Itinerância Literária, promovido pelo Sesc. A iniciativa trouxe para a instituição uma oficina de escrita poética e o espetáculo Maria de Cá, uma intervenção literária que entrelaça poesia, performance e música, com a presença do universo feminino sertanejo.

A programação teve início na quinta-feira (31), com a Oficina de Escrita Poética ministrada pela escritora Pok Ribeiro, voltada para o incentivo à produção autoral dos participantes. O momento foi marcado pela escuta, pelo exercício da escrita sensível e por partilhas sobre o ato de escrever como expressão de identidade, vivência e resistência.

Para Fabrício Gomes, estudante do curso técnico em Informática, a atividade foi enriquecedora. “Foi muito legal, consegui me expressar bastante no meu poema. Gostei do resultado final. Para mim, foi uma experiência muito boa e espero que se repita”, comentou.

Já na sexta-feira (1º), a Biblioteca do Campus se transformou em palco para a apresentação de Maria de Cá, um espetáculo que mergulha nas poéticas femininas ribeirinhas por meio de um formato híbrido que une literatura, performance e música. Com direção e concepção de Pok Ribeiro, a intervenção reuniu cinco poemas do livro Os dedos de Maria, um conto de Ana Júlia Lima e canções interpretadas ao vivo pela cantora Débora de Uauá.

“Meu objetivo com esse espetáculo é provocar um outro olhar sobre as mulheres. Não só aquele olhar tradicional, que nos enxerga como mães e donas de casa, mas como seres espirituais, culturais e sociais. A relação entre mulheres é muito forte, e o patriarcado tenta o tempo todo nos colocar como rivais. Quero mostrar essas mulheres que se levantam, que se apoiam e criam juntas”, afirmou Pok Ribeiro.

A cantora Débora de Uauá falou sobre sua experiência ao dar voz às músicas do espetáculo. “Cada música foi escolhida em diálogo com os poemas e com a história de cada mulher representada. Cada canção traz a individualidade dessas vivências femininas. Foi um processo de construção conjunta, cheio de significado.”

Entre as estudantes que assistiram ao espetáculo, o sentimento foi de identificação e inspiração. Taislane Ribeiro, do curso técnico em Eletrotécnica, destacou. “Me senti representada. O espetáculo enfatizou como mulheres abriram caminhos para que outras viessem depois, passando, para não ter tanto impacto na vida das outras, sabe?”

A realização do evento contou com a parceria entre o Sesc e o Campus Petrolina. A professora de Arte Edineide Torres, uma das responsáveis pela organização local, destacou a potência educativa da ação. “Essa aproximação com artistas da região e com instituições como o Sesc reforça o papel da escola como um espaço vivo de cultura. Os alunos estão acostumados a ver poesia nos livros, mas nem sempre têm acesso a vivenciar a arte. Quando isso acontece dentro da escola, abre-se espaço para que eles também se expressem e valorizem suas próprias produções.”

Ao final do espetáculo, o público foi convidado a dialogar com as artistas, compartilhando inquietações, impressões e sentimentos despertados.

Dionísia Santos/Ascom

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