Extensão
IFSertãoPE impulsiona popularização da hidroponia no Vale do São Francisco
O Núcleo de Extensão em Hidroponia do campus Petrolina Zona Rural do IFSertãoPE vem se consolidando como um importante centro de formação técnica, pesquisa aplicada e difusão tecnológica no Vale do São Francisco. Criado com o objetivo de popularizar a técnica de cultivo sem solo, o Núcleo busca impulsioná-la como uma alternativa eficiente e sustentável, especialmente relevante para o semiárido.
Embora a hidroponia já seja conhecida na região, ainda são poucas as instalações comerciais diante do potencial produtivo que a técnica oferece. Por isso, o Núcleo atua tanto na formação e atendimento a interessados, quanto no desenvolvimento de pesquisas que ajudam a ampliar o uso da tecnologia.
“Nosso objetivo é tornar a hidroponia mais próxima da população e apoiar quem deseja trabalhar com esse sistema, além de utilizar o espaço como ferramenta para as aulas e experimentos realizados no Instituto”, explica o professor e coordenador do Núcleo, Cícero Antônio de Sousa Araújo.
Ensino aliado à prática

O Núcleo de Extensão em Hidroponia oferece suporte acadêmico a disciplinas como Química e Fertilidade, Hidroponia, Olericultura e Fisiologia Vegetal. Os estudantes vivenciam, na prática, princípios estudados em sala de aula por meio de experimentos que envolvem, por exemplo, diagnóstico de deficiências nutricionais em plantas.
Nesses estudos, cultiva-se uma planta com todos os nutrientes enquanto outras recebem subtrações específicas, permitindo observar os sintomas ocasionados pela falta de cada elemento. A atividade atrai também alunos de outras instituições de ensino, que visitam o Núcleo para compreender como a química e a agricultura se conectam.
Além disso, o espaço é laboratório para desenvolvimento de pesquisas de Trabalho de Conclusão de Curso, conectando-se diretamente com outros espaços acadêmicos, como o Laboratório de Solos.
Pesquisas: mirtilo e maracujá
O Núcleo desenvolve protocolos para culturas que estão ganhando espaço no Vale do São Francisco. Um dos destaques é a área experimental de mirtilo, iniciada em fevereiro deste ano, a partir da doação de mudas feita por uma empresa.
- Um dos destaques é a área experimental de mirtilo
- Experimento com maracujá pretende prolongar o período produtivo da cultura
Os alunos acompanham desde o manejo da solução até a formação da planta, aprendendo sobre condução, arquitetura da copa e necessidades da cultura — considerada uma das mais promissoras para o futuro agrícola da região. “Essa planta é muito valorizada, por seu elevado valor. Como é nova no Vale, é uma forma também dos alunos verem essa cultura e de testar também na área da pesquisa”, afirmou a estudante de Agronomia e bolsista da Hidroponia, Kelly Milene.
Outro estudo em andamento é voltado ao maracujá, explorado em meio semi-hidropônico. A iniciativa busca oferecer alternativas viáveis aos produtores, já que o cultivo no solo tem sido prejudicado por um fungo que reduz drasticamente seu tempo de produção. O experimento pretende estabelecer um protocolo capaz de prolongar o período produtivo da cultura.
Produção para o refeitório e apoio a produtores

Espaço recebe visitas regulares de produtores, estudantes e interessados em conhecer a tecnologia
Além das pesquisas, o Núcleo mantém uma produção constante que abastece o refeitório do campus Petrolina Zona Rural. Semanalmente, são entregues coentro, alface, rúcula, e eventualmente hortelã e tomate.
O Núcleo promove visitas técnicas, recebe associações, estudantes e agricultores interessados em conhecer a tecnologia e auxilia na elaboração e implantação de projetos hidropônicos. Um exemplo citado é o sistema instalado na Ilha do Massangano, conduzido desde a fase inicial até o pleno funcionamento.
O contato para visitas e parcerias é feito via ofício encaminhado à Direção Geral do campus, através do e-mail czr.gabinete@ifsertao-pe.edu.br.
Formação além da sala de aula
Atualmente, a Hidroponia conta com a atuação direta de três estudantes bolsistas e quatro estagiários. Os estudantes desenvolvem um trabalho diário na Hidroponia. Conhecem com propriedade o sistema hidropônico, desde sua implantação até o manejo completo de cada cultura, acompanham visitas e explicam com detalhes o funcionamento do setor.

Para eles, a vivência no Núcleo tem sido decisiva na formação profissional. Júlio César Rufino é aluno do sexto semestre de Agronomia e destaca a relevância da técnica para a região semiárida. “Em muitos locais, a água é fator limitante. A hidroponia usa até 80% menos água que o sistema convencional, porque aqui ela é recirculada. A perda é apenas o que a planta realmente absorve”. Ele também ressalta o impacto na formação profissional: “Aprendemos técnicas agronômicas, mas também comunicação, trabalho em equipe, organização. Conhecemos muitas pessoas, é realmente um diferencial para nossa formação”

Para Kelly Milene, a atuação no Núcleo amplia o olhar científico: “Acompanhamos ciclos diferentes, observamos a fisiologia das plantas, estudamos salinidade e inovação. Desenvolvemos iniciativa e buscamos soluções de baixo custo, é uma experiência completa”.
Lucas Vieira é estudante do Médio Integrado em Agropecuária e ingressou em abril deste ano no projeto. Ele reforça o ganho acadêmico: “Aprendi muitas coisas que não via antes. Faz muita diferença na formação”, disse.
Perspectivas

Parte da equipe do Núcleo de Extensão em Hidroponia, coordenado pelo professor Cícero Antônio, que conta com a parceria constante do Laboratório de Solos, representado na imagem pelo professor Fábio Freire e a técnica de Laboratório, Graciene Silva
O Núcleo encontra-se em sua terceira fase e a expectativa é que se torne uma política permanente no IFSertãoPE. A equipe acredita na continuidade do trabalho e no impacto crescente da hidroponia para a região, tanto pela eficiência no uso da água quanto pelo potencial econômico das culturas em estudo.
Com ensino, pesquisa e extensão caminhando lado a lado, o Núcleo de Hidroponia se firma como um espaço de inovação e transformação no Vale do São Francisco — formando profissionais, apoiando produtores e contribuindo para uma agricultura mais eficiente, sustentável e adaptada ao semiárido.
Texto e fotos: Inês Guimarães/Ascom


