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IFSertãoPE recebe ararinhas-azuis: campus Petrolina Zona Rural sedia coletiva sobre chegada e processo de quarentena das aves
Na última quarta-feira (29 de janeiro), o campus Petrolina Zona Rural do IFSertãoPE sediou uma entrevista coletiva sobre a chegada e processo de quarentena das ararinhas-azuis no Brasil.
Quarenta e uma aves (Cyanopsitta spixii) chegaram a Petrolina no dia 28 de janeiro, em uma aeronave vinda de Berlim (Alemanha). A operação foi coordenada por uma parceria internacional entre a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), o Greens Zoological Rescue and Rehabilitation Center (GZRRC), na Índia, e a BlueSky, com o apoio do IBAMA, ICMBio, Receita Federal, Polícia Federal, Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Agência de Defesa Agropecuária de Pernambuco (ADAGRO) e CCR Aeroportos.
As aves, que chegaram em boas condições de saúde, foram acompanhadas por veterinários da ACTP e do GZRRC, garantindo que toda a logística fosse conduzida com segurança e o mínimo de estresse para os animais. Ao desembarcarem no Brasil, passaram por uma inspeção rigorosa realizada pela Polícia Federal, Receita Federal, MAPA, ADAGRO e IBAMA. Logo após a liberação, um comboio escoltado pelo IBAMA transportou as aves até o campus Petrolina Zona Rural do IFSertãoPE, para serem quarentenadas num estabelecimento reformado pela BlueSky, onde permanecerão sob monitoramento veterinário antes da transferência para o centro de reintrodução em Curaçá (BA).
Durante coletiva de imprensa, realizada no campus Petrolina Zona Rural, foram esclarecidas questões sobre os avanços e próximos passos do projeto de conservação das ararinhas-azuis, além de detalhar a operação de transferência das aves para o Brasil.
Participaram do momento o reitor do IFSertãoPE, Jean Carlos Alencar, o diretor geral do campus Petrolina Zona Rural, Vitor Lorenzo, o diretor da BlueSky, Ugo Vercillo, o diretor da Associação para Conservação de Papagaios ameaçados de Extinção, Cromwel Puacharse, o representante do Green Zological Center, Bridj Grupta, a vice-prefeita de Curacá (BA), Maria da Paz Silva, o secretário de Meio Ambiente de Juazeiro (BA), Cláudio Leal, além de vreadores de Petrolina e Curaçá, servidores e estudantes do IFSertãoPE.
Para Ugo Vercillo, Diretor da BlueSky, essa operação representa mais um passo essencial para a preservação da espécie. “A chegada dessas novas ararinhas reforça nosso compromisso com a continuidade das solturas previstas no Projeto de Reintrodução da Espécie, fortalecendo os esforços para evitar uma nova extinção da ararinha-azul e consolidando sua população em vida livre na Caatinga”, afirma.
O reitor do IFSertãoPE, Jean Carlos Alencar, agradeceu às parcerias e falou da honra e responsabilidade de a instituição participar do projeto. “Para o IFSertãoPE é um momento de muita alegria poder estar contribuindo com o processo de adaptação desses novos animais que estão chegando aqui. Pelo que a gente viu do cenário que foi trabalhado no primeiro momento de soltura, de devolução das aves à natureza, o impacto é não somente para o meio ambiente, mas também para a cidade de Curaçá. Além disso, esse projeto traz para a gente o resgate do sentido de trabalhar de forma colaborativa”, considerou.
O diretor-geral do campus Petrolina Zona Rural, Vitor Lorenzo, enfatizou o papel do IFSertãoPE e da capacidade e possibilidade de colaboração. “Esse projeto não é apenas de inserção da ararinha. A soltura da ave é uma etapa da cadeia como um todo. A gente precisa reflorestar a caatinga, precisa fazer com que as pessoas tenham condição de vida para que haja uma exploração menos predatória da caatinga. E nossa Instituição, que é caracterizada por desenvolver projetos de pesquisa e de extensão, tem um potencial muito grande de contribuir com esse processo, com a formação de recursos humanos, com ações de recaatingamento, de reinserção da ararinha”, declarou.
A ararinha-azul foi declarada extinta na natureza no ano 2000, após décadas de caça ilegal e degradação de seu habitat. Graças a uma cooperação internacional entre criadouros, zoológicos e o governo brasileiro, a espécie foi reproduzida em cativeiro, possibilitando sua reintrodução gradual no bioma da Caatinga.
Em 2020, um grupo de 52 ararinhas chegou ao Brasil, dando início ao projeto de reintrodução. Em 2022, 20 dessas aves foram soltas na natureza, em Curaçá (BA). Desde então, os esforços de conservação têm dado frutos: sete filhotes nasceram em vida livre, evidenciando o sucesso da adaptação dos indivíduos reintroduzidos e abrindo caminho para a consolidação da espécie na natureza.
Atualmente, as ararinhas-azuis são monitoradas por equipes da ACTP e do ICMBio, garantindo acompanhamento contínuo de sua adaptação. Como ocorre naturalmente, algumas aves foram predadas, e hoje há 11 indivíduos vivendo em liberdade. Além disso, há 39 ararinhas no centro científico de Curaçá, voltadas para fins conservacionistas, e 33 aves no Zoológico de São Paulo, sob a gestão do ICMBio, formando o plantel reprodutivo da espécie no Brasil.